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Poema — Sopro do Vento
Dias a fio,
A minha mão segurou a caneta,
Para encontrar a folha reciclada,
E escrever sobre a hora mais aguardada,
Mas a verdade é que dentro de todas as letras,
As palavras soavam neutras,
A tinta aguardou a sua hora,
Mas o papel compreendeu a sua demora,
No seio de um turbilhão a minha caneta,
Suspendeu a respiração,
A folha aguardou o momento certo,
Em cooperação,
Como se de um casamento se tratasse,
Para que a tinta traçasse,
E a alma espalhasse,
A magia tão aguardada,
No dia que o vento soprasse,
Para o extremo sudoeste,
E me levasse.
Hoje o vento soprou mais do que as letras,
Nesta aurora que passa veloz como o vento que sopra,
E que sopra tão feroz,
Levando as folhas secas e
As Pétalas que carregam
As vestes da época florida,
A renovação segue com o vento,
As gaivotas prateadas prevêem,
O tempo,
O seu som inconfundível,
Traz-me de volta,
E eu vejo a direção para a qual o vento sopra,
Para aquela extremidade da Europa,
Carregando um novo alento,
Para o tão aguardado momento.Como tudo o que o vento carrega,
Eu deixo-me levar,
Deixo a saudade com as folhas secas e as pétalas outrora floridas,
E levo a alegria do reencontro
Nas sementes que terão a oportunidade de germinar,
Vou levar tudo o que o vento carrega,
As memórias das ondas do mar,
Sim, eu vou levar tudo,
E ele levar-me-á,
De regresso ao meu lar.