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Rota das Andorinhas — Parte VII
Dura Partida
Na alvorada deste horizonte salgado,
Molho os pés pela última vez,
Enquanto afundam na areia como uma âncora,
Ouço as ondas bater,
E o meu corpo sabe o que fazer.
Mergulho para matar as saudades que ainda não matei,
O meu corpo flutua mais uma vez neste mar,
E sinto a pele a arrepelar,
Fecho os olhos,
É hora de enfrentar.
Abro os olhos,
E ali estão:
No céu, as andorinhas mais uma vez a passar,
Num adeus à Primavera que há muito se foi,
Mas também os pássaros gostam de prolongar o bom da vida,
Naquilo que ambos chamamos de uma dura partida.
Eu partilho a sua emoção,
Há que preparar uma nova estação,
Chegou a hora de regressar ao meu outro lar,
Que também amo e para o qual quero voltar,
Sacudo a água salgada e deixo as andorinhas me guiar.
Este poema faz parte de uma mini série que escrevi denominada — Rota das Andorinhas, que ilustra sob a forma de…